22 de abril de 2011

A tampa do vaso



Pensei que fosse impressão. Jurei que fosse impressão. Clamei que fosse impressão. Mas não, não era. Os casais cada dia têm sim se ferido mais com gritos, ofensas, términos. Desgastam a si, ao outro e aos dois e com motivos são fúteis, inúteis em sua maioria.

A toalha molhada em cima da cama, a lâmpada queimada e esquecida, o carro com quilometragem além da devida, o atraso de cinco minutos para o encontro. Todos, no momento, considerados motivos suficientemente grandes para um término, mas que não passam de tampas de vasos levantadas. São apenas estopins após um tempo longo (a depender do protagonista) de levar com a barriga outros problemas maiores ou menores, mas não dialogados.
Ao longo da vida a dois, vários são os instantes em que acobertamos nossos sentimentos, dúvidas, anseios, por medo de uma reação. Vamos deixando, deixando, sendo relapsos com nossos próprios sentimentos e anseios. Quando menos percebemos (ou se percebemos ignoramos mais uma vez) lá vem a tampa do vaso para azucrinar a relação. Primeiro vem a ofensa, depois grito e por fim um término.
Tudo teria sido evitado se na primeira vez o diálogo tivesse substituído a negação. Agora talvez já seja tarde demais. (MP)

2 comentários:

juliana disse...

A falta de tolerância é o maior problema hoje em dia.Ótimo texto.Bjos

Mayara Paz disse...

Intolerância zero = amor abaixo de zero. Pena que mentalizamos muito isso, mas na hora de praticar é que vêm as discussões lideradas pelo orgulho.
Beijos, Juliana!